sábado, dezembro 06, 2003
012 Meta-blógico
Depois da noite mal dormida, acordei abrupto. No desgoverno dos sonhos senti avatares de desejo impulsivo, intermitente, pelo menos, tanto quanto consigo lembrar. Que absurdo! Não eu, nunca eu! Só um outro eu seria capaz de se perder pelos oceanos, entre pedras, a bordo desta nau, remando contra a maré sobre uns reflexos de azul. Solto fumaças como um gato fedorento ou um homem a dias rumando às terras do nunca. No parapeito desta janela indiscreta, (tomara que caia!) perdido nas minhas irreflexões, nos meus murmúrios do silêncio descobri o meu rumo: não esperem nada de mim, estas ideias soltas não constituem um projecto nem são propriamente valores sagrados. Acho que a causa foi modificada - sou um cidadão do mundo, um cidadão livre, por isso, deixo a praia, vou até Aviz. Estou farto de ser uma voz no deserto, viro costas à montanha mágica e invoco mefistófeles para que me deixe ver no dicionário do diabo se a natureza do mal tem liberdade de expressão. Que último reduto! Que país relativo!
Nota: Os ausentes que me desculpem.
Originalmente publicado no sapo.CAP @ 12/06/2003 12:06:00 da manhã
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