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quinta-feira, março 18, 2004

303 ... para tudo acabar assim? II 

Na sequência do texto anterior. Há um mês e meio atrás, as notícias eram deste teor:

Ministério Público acusou membros da ex-JAE. Famílias das vítimas querem julgar areeiros

Entre-os-Rios: extracção de areias culpada O relatório pericial sobre as causas da queda da ponte de Entre-os-Rios solicitado pelo Tribunal de Castelo de Paiva indica que a extracção de areias foi a causa principal do acidente, revela o «Jornal de Notícias» A perícia, elaborada por cinco especialistas em Hidráulica e Engenharia Civil, e já entregue ao tribunal, assinala que a extracção de areias contribuiu em 80 por cento para o rebaixamento do leito do rio. Os peritos atribuem também «forte influência» aos fenómenos naturais, em concreto a sequência de cinco cheias num Inverno chuvoso, mas indicando que a sua «importância relativa, em termos percentuais», para a erosão do leito do rio, foi de 20 por cento, refere o «Correio da Manhã». O documento a que o «Jornal de Notícias» e o «Correio da Manhã» tiveram acesso revela ainda que já nos levantamentos efectuados em 1988 o pilar não apresentava condições de segurança. Os peritos concluem assim que era previsível o descalçamento do pilar e que medidas de protecção podiam ter eventualmente ter evitado a queda da ponte de Entre-os-Rios. O relatório prenuncia-se sobre a actuação dos arguidos ligados à Junta Autónoma das Estradas e a uma empresa de engenharia, e conclui que quer o projectista encarregue do reforço da ponte quer o dono da obra deviam ter encarado os estudos existentes à data de forma mais cuidada. Conforme a Lusa noticiara terça-feira, o debate instrutório no âmbito da responsabilidade criminal pela queda da ponte de Hintze Ribeiro vai ocorrer a 18 de Março próximo, mais de três anos após o acidente, que a 04 de Março de 2001 fez 59 mortos, com a queda de um autocarro de turismo ao rio. O debate instrutório é uma fase processual que antecede a indicação de quantos arguidos vão efectivamente a julgamento, estando para já constituídos 29: cinco técnicos da antiga Junta Autónoma de Estradas, o responsável por uma empresa projectista, 22 areeiros e o antigo presidente do Instituto de Navegabilidade do Douro, Mário Fernandes. O relatório chegou sexta-feira às mãos do juiz instrutor do processo, Nuno Melo, que o tinha considerado imprescindível para poder decidir quantos arguidos iriam a julgamento. Fonte contactada pela Lusa disse então que o relatório destes técnicos é, na sua essência, similar ao que tinha sido produzido anteriormente por três técnicos da Universidade do Porto - a extracção de areias na queda da ponte é enquadrada num conjunto de factores que terão contribuído para a queda da ponte. Segundo o JN, que teve acesso ao novo documento, este identifica a existência de vários fundões na zona de implantação da travessia, indicando que «a barra sofreu forte diminuição na sua largura devido à extracção de areias».

Originalmente publicado no sapo.

CAP @ 3/18/2004 08:24:00 da tarde

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