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(Re)nascido


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quinta-feira, março 25, 2004

322 E por aí fora... 

A justiça portuguesa... Uma vergonha...naturalmente! http://desblogueadordeconversa.blogspot.com/


A ponte

O juíz disse que a ponte caiu devido a causas naturais. Acontece também às pessoas; muita gente morre por causas naturais, isto é, de velhice. Quando alguém não morre de velhice, diz-se que faleceu de acidente rodoviário ou de doença prolongada. Não foi o caso, segundo o juíz. A ponte não se despistou no IP5 nem apresentava sinais de tumor maligno. Estava velhinha e faleceu. Pronto. Ficamos todos esclarecidos. Porque as pontes são como as pessoas, quando serôdias dá-lhes o badagaio. A culpa foi dos incautos que cairam dela abaixo: será que não se aperceberam que a dita já andava de muletas e apresentava um ar combalido? http://letrascomgarfos.blogs.sapo.pt/


O Juiz de Instrução concluiu não haver razão para prosseguir o processo até ao julgamento, fazendo cair a acusação do Ministério Público. Não conheço os pormenores jurídicos do caso e prefiro não opinar acerca do sentido do despacho. Mas entendo que, do ponto de vista lógico, é excessivamente estranho que se defenda que a ponte caiu devido a «causas naturais». Quais? O mau tempo? A avançada idade? Ou outras, tipicamente lusitanas, como a inexorável fatalidade do destino? A ponte caiu "porque sim"? Porque "tinha de ser"? Por azar? Porque, desgraçadamente, um autocarro cheio de pessoas resolveu passar ali áquela hora da noite? Repito que não conheço as minúcias jurídicas do processo. Mas o senso comum diz-me que a ponte não caiu por causas naturais, porque as que provocaram a queda correspondem à normalidade dos factos e deveriam ter sido previstas pelas entidades estatais competentes. Evidentemente, o culpado é o Estado. O Estado que fiscalizou mal. O Estado que não atendeu aos muitos sinais que obrigavam à sua intervenção. O Estado que foi grosseiramente negligente e irresponsável. O Estado que fica sempre impune perante a placidez (serenidade?) vegetal das pessoas. E, claro, como o culpado é o Estado ninguém é culpado - aqui sim, os culpados somos todos nós que assumimos esta tortuosa relação de cumplicidade passiva a que gostamos de chamar "cidadania". Até à proxima ponte... http://ablasfemia.blogspot.com/


Entre-os-Rios

59 pessoas falecidas como consequência da queda de uma ponte, e ao fim de três anos, 0 responsáveis apurados. É óbvio que tenho noção de como é complicado julgar e provar responsabilidades num caso destes, e de como a extracção das areias não é a única das prováveis causas "não-naturais" deste acidente, mas fica-se com a sensação íntima de desistência, de que justiça nunca será feita, de que aquelas 59 pessoas caíram para as suas mortes e no nosso esquecimento. http://icosaedro.blogs.sapo.pt/

Originalmente publicado no sapo.

CAP @ 3/25/2004 09:27:00 da tarde

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