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segunda-feira, abril 26, 2004

411 Estátua da Amargura 

Queria ser tudo. Hoje sou nada
De tanto desejar em desatino...
Ser sempre tua cada madrugada,
Ser mais formosa que o coral mais fino.

Ser silêncio na curva duma estrada,
Ser mastro de navio sem destino,
Ou ser talvez a pedra da calçada
Ou mesmo grão de areia pequenino.

Como Rainha possuir Impérios
E ter o dom de desvendar mistérios,
Conservar para sempre essa ventura...

Mas nada fui que me valesse a pena?
Cansada já, mas muito mais serena,
Em carne sou a estátua da amargura.

M.ª José A. Pereira da Silva, in Estrelas do meu céu, 1992

Originalmente publicado no sapo.

CAP @ 4/26/2004 10:34:00 da tarde

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