segunda-feira, maio 10, 2004
437 O direito à liberdade
Para todos aqueles que alguma vez foram assolados por comentários menos próprios:
(...)
1. Anteontem apaguei comentários. “Censura” foi dito. Não repito o que já foi discutido noutros blogs. Mas que fique claro: não se trata de censura, um blog não é um orgão de comunicação social, não tem as mesmas regras e princípios, nem a mesma responsabilidade social. Não confundamos, não sobrevalorizemos.
Mas mesmo que o fosse. Um “comentário” é, por analogia, uma “carta de leitor”. E nenhum orgão de comunicação social é obrigado (por deontologia ou legalidade) a divulgar todas as que recebe. Em especial se anónimas.
2. Foi dito que apagar críticas implica tornar os “comentários” num coro de bajulações.
Este é um ponto a abordar. Neste e noutros blogs (talvez com excepção de alguns mais politizados e polémicos) a maioria dos comentários são positivos. Mas isso tem mais a ver com a dinâmica de leitura, não tanto com os autores.
Por um lado porque os leitores tendem a visitar os blogs com que simpatizam. Gostam do que está escrito ou subvalorizam algo menos concordante. E os leitores ocasionais ou desgostosos saltam, rápida e gratuitamente para outro. Nem deixam a sua impressão enquanto os anteriores a vão repetindo. E assim criando o que não é um coro de “bajulações” mas mais uma rede de simpatias, interesses e sensibilidades comuns. Normais. Mas, e acima de tudo, legítimas. Até porque não molestam ninguém.
[a net não é a vida, mas permito-me mais uma analogia: será que um grupo de amigos com hábitos convivenciais é um “grupo de bajulação”? Caramba, que mundo seria esse?]
Por outro lado porque é mais fácil e rápido para o leitor, habitual ou episódico, deixar um “gostei”, “bom post” do que o “não concordo, porque...”, e exactamente por esse “porque...” a que a discordância apela, e que em princípio se realizará apenas em casos mais extremos. Digo-o por mim, mas presumo não ser por demais arriscada a extrapolação.
(...)
O resto pode ser lido nesta Ma-Schamba acolhedora. Obrigado ao autor pela cedência da prosa.
Originalmente publicado no sapo.CAP @ 5/10/2004 01:33:00 da tarde
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