O Palácio da Ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante. Por desertos, por sóis, por noite escura, Paladino do Amor, busco anelante O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante, Quebrada a espada já, rota a armadura... E eis que súbito o avisto, fulgurante Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado: Eu sou o Vagabundo, o Deserdado... Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas de ouro, com fragor... Mas dentro encontro só, cheio de dor, Silêncio e escuridão – e nada mais!
Antero de Quental |
Cavaleiro Andante
Porque sou o cavaleiro andante que mora no teu livro de aventuras podes vir chorar no meu peito as mágoas e as desventuras
Sempre que o vento te ralhe e a chuva de Maio te molhe sempre que o teu barco encalhe e a vida passe e não te olhe
Porque sou o cavaleiro andante que o teu velho medo inventou podes vir chorar no meu peito pois sabes sempre onde estou
Sempre que a rádio diga que a América roubou a lua ou que um louco te persiga e te chame nomes na rua
Porque sou o que chega e conta mentiras que te fazem feliz e tu vibras com histórias de viagens que eu nunca fiz
Podes vir chorar no meu peito longe de tudo que é mau que eu vou estar sempre ao teu lado no meu cavalo de pau
Carlos Tê |