sábado, julho 10, 2004
550 A criança, sua vida e sua obra II
As crianças são doidas Salvo raríssimas excepções, as crianças comportam-se todas da mesma forma incoerente, como se estivessem combinadas! Mal se consegue acreditar! Em primeiro lugar, são agitadas. Falam sem parar embora não tenham nada para dizer, saltam a pé-coxinho e correm pela rua de braços abertos, imitando um avião. Outras, julgam-se automóveis. Emitem sons horríveis com a boca, com os brinquedos, com as mãos, com tudo o que tocam, com tudo o que partem, é um inferno! As crianças são doidas! Metem os dedos no nariz, como os automobilistas! Algumas, especialmente paranóicas, andam sobre os muros, brandem pistolas de plástico e atiram contra inimigos invisíveis. Por vezes, chegam a afirmar que se tratam de Índios. Índios! Em plena cidade! Em pleno século XX! Já viram uma destas? E não é tudo! Há ainda crianças que se contorcem nos passeios para não andar nas linhas dos pavimentos. Outras repetem incansavelmente, palavra por palavra, o que dizemos, e divertem-se loucamente com o facto! É ridículo! Mal lhes fazemos a mais pequena observação, cruzam os braços e amuam. Por vezes desatam a chorar, sem mais nem menos, diante de toda a gente. É infernal! As crianças têm um comportamento grotesco. Insensato. As crianças têm um comportamento infantil! Por que razão fazem tudo o que está ao seu alcance para nos enlouquecer? Ignoramo-lo, do mesmo modo que desconhecemos em que idade são mais temíveis, e se as raparigas são piores do que os rapazes ou o contrário. O que é certo é que, no conjunto, todo o bando tem muito má fama. Mesmo muito má. Quando dizemos a um adulto «Não sejas criança, João», significa que o adulto em questão (João) estava prestes a fazer uma enorme asneira. (...)
Pierre Antilogus & Jean-Louis Festjens, GUIA DE SOBREVIVÊNCIA PARA USO DOS PAIS - Manual Para Pais Desesperados (Ou Quase), 1997
Originalmente publicado no sapo.CAP @ 7/10/2004 01:44:00 da tarde
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