segunda-feira, janeiro 23, 2006
Bíblico
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Solaar pleure
Fuck
a terra, se tenho de morrer eis o meu testamento:
Depositai cinzas na boca de todos os nossos adversários
Escorraçai à cabeçada, kick
os falsos que vêm meditar
Quero flores e crianças, que a minha morte sirva o seu futuro.
Compreenderão talvez, o sentido do sacrifício.
A diferença entre os valores e o artifício.
Sei quem chorará e porque o fará,
Vós sois os eleitos, não haverá lugar a novos-ricos
Apenas gente da rua
A imprensa cor-de-rosa só falará de sem-abrigo e rendimento mínimo
Fatos mal cortados, mesmo se eles queriam vestir-se bem
Aqui jaz Claude..., iniciais MC
Um miúdo que quis que a vida dos outros fosse como uma poesia
E que, sobretudo, não acredita que haverá dez mil virgens
Digo-o pela minha família, eu não caí em espiral.
Atiram-me terra, depõem algumas flores.
Só, sob o seu chorão: Solaar chora.
Solaar está na hora
Ouve, Solaar chora
A minha alma eleva-se, vejo-vos em contra-plano
É com os que já partiram que me vou reencontrar
Não vos inquieteis, não! parto para o paraíso.
Não para me pavonear, mas para professar a sétima profecia.
Fiz frente aos mestres, aos padres, aos traidores,
Aos hipócritas sem cérebro que dançam ainda o funky jerk
.
Se és tu, inclina-te, segue cabisbaixo e cala-te.
Arranja uma aura, senão segue, olha: apaga-te.
Desculpai-me pelo mal que possa ter feito, foi involuntário
Fui mercenário, mais do que missionário
Lamento e, por ser honesto, desejo que Deus me chicoteie
Deus tu és a palavra, é preciso que Te respeitem
Arcanjo, compreende-me em nome do Pai
Alguns acham-me excepcional, mas não fiz o básico
O mike
chora, o papel chora, a bic chora
E sob o chorão: Solaar chora.
Estou no paraíso, vagueio pelas planícies
Em busca de golpistas no jardim do Éden
Controlei os anjos, nada de ódio, nada de inimigos
Senão saco da naifa e inauguro o assassínio no paraíso.
Esquivei-me de cada vez que me provocaram
Contemplativo e ordeiro, perdoei sem perdoar
Mas não era um herói, apenas um tipo feito de ossos e água
Agora sou uma alma que plana, perdida sem a sua caneta.
Éden exterminador, anjo exterminador,
Porteiro matador do divino examinador
Assegura-me que é por desdém que eu viajo com os anjos
E envia-me já para as chamas e para a lama.
500 one
+ 165, 111 x 6, o código de barras do Anticristo
Vejo porcos e javalis
O fogo e o sangue ligados
Rezo porque tenho medo
Satanás ri
Solaar chora, Solaar chora, Solaar chora.
Não, porquê eu? É um erro
Guarda-me, sou nobre de coração
Parem este calor, cuspo sobre Belzebu
Manterei a fé e domino o uppercut
Porquê esta condenação? Porquê estas chamas?
Porquê esta torrefacção que nos crema?
Este asno de Satã plana sobre as nossas almas
Ele vive pelo fogo, morrerá pelo lança-chamas
Do lago Lancelot, duplo A do Graal
Rabinos, Padres, Imãs
Orai, ajudai-me, porquê eu
Porquê este karma, Zarma
Levei a fé até à mão de Fátima
Sou como um gladiador desperado
Enviado ao inferno para uma missão comando
Lúcifer não vês que Deus é forte
Se estamos soldados, enviar-te-emos encontrar a morte.
Solaar chora e as suas lágrimas apagam as chamas
Liberta as almas, faz renascer Abraão
O diabo agoniza, unamos as nossas forças
Buda grande Arquitecto, Teresa enchamos o peito
Orai, ajudai-me, ele vacila, ele coxeia
Ele consome-se, ele fumega, já só tem uma pata.
Vejo que ele sofre, vejo que ele berra
Ele criou o Mal e é o Mal que o queima
O Bem penetra na Besta do Apocalipse
Como impulsionado por uma hélice para que a sua aura se eclipse
Rael, Ezequiel, vêm com a luz combater o Mal Supremo
O Mal grita, ouço-o gritar
Flores crescem, El Diablo
está carbonizado
Ele implode, ele explode,
E da antimatéria brotam equimoses
Satanás está morto, o Bem recupera a vida
Para quando a terra como novo paraíso
Não sabemos o que fazer,
Já não sabemos o que fazer
O Inferno é a Terra e quem a gere, Lúcifer.
Mc Solaar,
Le 5ème As, 2001
Espero que gostes
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